terça-feira, 10 de dezembro de 2013

About grandpa

Domingo seria aniversário do meu vô, se ele estivesse ainda por aqui... Meu vô tinha essa alegria de viver que não sei descrever. É difícil dizer o que mais sinto falta a respeito da pessoa dele. Acho que é chamá-lo. Sabe, dizer "vô" e ele me responder. Sair berrando na casa dele "vô", até descobrir onde ele estava. O vô tinha uma presença tão forte. Lembro que uma das coisas que mais me deixavam triste logo que o perdi foi pensar em ir na casa da minha vó e quanto chegar ele não estar lá. Eu morava em São Paulo quando o perdi, e essa ideia me assustava muito. Minha vó também é uma presença forte, no entanto, e a casa dela continua sendo um dos meus lugares favoritos no mundo.

Mas lembrar do vô traz mais alegrias do que tristezas. Porque ele era uma pessoa tão feliz. Com o que quer que ele tenha tido de dificuldades, que não foram poucas, ele sempre foi feliz. Simples, bom e feliz. Ele sempre me trazia aqueles chocolatinhos  da Neugbauer (não sei se é assim que escreve, provavelmente não) depois de suas partidas de baralho. Ele sempre ganhava alguns centavos, que ia pra caixinha da turma do baralho, e virava um churrasco (depois de muito tempo, é preciso apostar muitos "01 pila" e "50 centavos" para fazer um churrasco para um bando de senhores gordinhos). Ele sempre tinha os braços machucados, porque nunca parava quieto no seu "escritório" ou na horta. Ele sempre tinha os óculos sujos, quando eu chegava na casa dele costumava limpá-los. Até hoje me emociono quando vejo os seus óculos. Meu vô era uma pessoa simples, mas cheia de detalhes.

Ele sempre tinha um queijo da colônia no escritório dele no porão. Aí no final de semana ele me chamava para ir lá comer um pedaço, porque eu adorava os queijos de colônia. Quando eu era criança, o seguia a todo lugar. Uma vez, voltando para casa na hora do almoço (a gente sempre demorava, porque o vô encontrava mil e sete amigos no caminho, aí a vó ficava brava, porque atrasávamos o almoço e eu ia pra escola à tarde), virei para trás para olhar se umas freiras que nos seguiam tinham joelhos e caí. O vô dizia que as freiras não tinham joelhos, não sei porquê. Aí quis ver se era verdade. Fiquei com uma ferida embaixo do nariz. Na foto do pré de final de ano parece que tenho bigode.

São esses detalhes que fazem tamanha falta. Esses detalhes que tornam a pessoa singular. Essa acho que era a melhor maneira de descrever o vô, singular. Comemos mandolate domingo em tua homenagem, vô. Parabéns, onde quer que tu esteja.

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