terça-feira, 18 de setembro de 2012

Cartas, cartinhas, cartões

Tenho uma amiga que mora no Rio, ela escreve no mesmo ritmo que fala (quase que sem paradas no meio, com dois ou três momentos somente para respirar). Quando ela morava em Campinas, ou mesmo quando morava aqui e tirava férias em Campinas, escrevia cartas quilométricas. Passava corretivo quando errava algo e depois esquecia de corrigir o que estava escrito. Era possível escutá-la ao ler uma carta dela.

Minha amiga de infância aqui de Caxias tem o hábito de sempre dizer em que horário ela está escrevendo a carta e o que ela está fazendo no momento. Ela diz o que está escutando e o que está assistindo. E normalmente nas cartas dela há uma série de lembranças. Vários momentos que construíram nossa personalidade, a "montagem" de nossas vidas.

Nas cartas da minha amiga passo fundense (difícil escrever essa palavra!) sempre há estrelinhas. Nas nossas cartas de adolescência, falávamos sobre os assuntos mais diferentes, do tipo buraco negro e o Egito. Sonhávamos em fazer viagens ao Egito, em andarmos nas montanhas russas mais radicais. As vontades e os assuntos mudaram, a amizade continuou.

Nas cartas do meu amigo que mora em Porto frequentemente havia desenhos. Tenho várias bilhetes da época da escola em que há desenhos de ET's, uma carta que ele me escreveu na rodoviária vindo para cá com uma tentativa de fada e um esboço bizarro de Cher. A Cher estava na nossa lista de pessoas ET's. Divertidíssimo. E à medida que a preguiça se abate na pessoa, nota-se que a letra dele fica "preguiçosa" junto.

Sempre gostei de cartas, cartões, bilhetes... Acho que uma das maiores perdas que toda essa tecnologia nos traz é o prazer de receber no correio, ou junto a um presente, algo escrito a mão. A ansiedade de abrir, de ver o que está escrito, de rir sozinho com as histórias, de imaginar a pessoa que a escreveu dizendo tudo aquilo. A personagem de alguém querido registrada no papel.

Bárbaro o scrapbooking, que resgata um pouco disso, construímos a personalidade de quem será presenteado no papel. Mama e eu tivemos uma noite feliz e colorida montando este nosso primeiro álbum, a partir de envelopes, para meu querido aniversariante pai. O início é sempre meio atrapalhado, mas a mistura de nossas ideias ficou tão bacana e pessoal, nossas personalidades em forma de presente. Hoje será entregue. Adoro essa ansiedade antes de entregar um presente assim. Espero que ele adore também.



O envelope fiz de feltro, o cãozinho é de tecido, caseado com fio de bordar. That's all folks!

Nenhum comentário:

Postar um comentário