Li recentemente um texto falando sobre as falhas na educação das gerações mais novas. Sobre como os pais não ensinam seus filhos a lidar com a frustração, como eles lhe dão tudo sem lhes mostrar o valor e o trabalho necessário para conquistá-lo, sobre a facilidade com que desistem quando qualquer dificuldade se apresenta. Respostas negativas viraram quase que uma tortura em nossa sociedade. Fazer a criatura lavar uma louça então... Escutei no final de semana uma histórias de uma pessoa que estava super estressada. Em seguida ela começou a discutir com sua colega uma futilidade absurda. Não pude deixar de pensar como algumas pessoas estão fracas, como por qualquer pedrinha no meio do caminho elas escorregam e precisam de artifícios para se reerguerem.
Grande parte das crianças não conhecem educação. Em compensação, tudo sabem sobre novas tecnologias, sobre marcas de grife e carros de luxo. Imagina pedir a um filho para lavar a louça, para tirar o pó do quarto. É quase que um crime, pobre criança escravizada pelos pais porque jogou o lixo fora! É melhor ensiná-lo a ser um reizinho, a achar que o mundo está aqui para servi-lo.
Uma amiga querida falou uma expressão há um tempo atrás que achei sensacional: “Ela precisa de terapia... Ter a pia cheia de louça para lavar.”Acredito que a utilidade diminui o drama. O que quero dizer com isso é que, em vez de entupir uma criança de remédios a uma criança porque ela tem muita energia e deixá-la sentada em frente ao computador o dia inteiro, coloque a criatura para ajudar nas tarefas de casa, para ir a escola a pé, para andar de bicicleta. Em vez de ceder aos seus apelos por açúcar e sedentarismo e quaisquer outras vontades o tempo todo, crie um ser humano um pouco mais consciente, que não irá superlotar o sistema de saúde, nem o ouvido de quem precisa aguentá-lo dramatizando sobre tudo. Explique, se dê ao trabalho de ao menos tentar. Li que é preciso pelo menos 10 tentativas para o paladar se acostumar com alguns sabores. Então se o piá não gostou de brócolis na primeira tentativa, faça novamente. É cansativo, realmente, mas é bem menos cansativo do que mais tarde ter que entupi-lo de complementos porque ele não “consegue” comer direito. É bem menos complicado do que lidar com problemas de auto estima, que também afetam de uma forma ou de outra a saúde e a personalidade da pessoa para sua vida toda. Não, a vida não é tão fácil assim. Nem é criar um filho. Mas faça um bem à humanidade e diga um “NÃO” a ele de vez em quando. O mundo com certeza será um lugar melhor.
Encerro com duas imagens: a primeira é de como a natureza possui uma capacidade de adaptação que deve ser imitada. Achei o máximo a forma como esse tronco se enrolou na grade de um prédio, perto de onde moro. E a segunda é do meu quarto, começando a ser vestido para a Páscoa!
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