segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Mudanças


Moro numa cidade bonita. Tive uma infância bem tranquila, passada a maior parte do tempo ao ar livre. Jogava bola na rua de uma das minhas mais antigas amigas, enchia as unhas de terra no lote dos meus avós, brincava de "se pegar" e "se esconder" em Santa Corona com minha prima e nossos amigos de infância. Caminhava à noite com meus pais, íamos a pé no cinema, ao Napole, um restaurante que tinha uma pizza maravilhosa e não existe mais, a Casa de Pão de Queijo na praça...
Neste final de semana li um texto muito bom no Almanaque, do Jayme Paviani, sobre a evolução das cidades. Ele escreveu: "pobres calçadas que abrem espaços para as garagens e não para os deficientes". Esta frase me fez pensar em minha infância. Na possibilidade de andar de patins nas calçadas, de jogar bola na rua, que não fazem mais parte da infância de quem agora é criança. 
No meu bairro havia o Mato Antunes, repleto de árvores nativas. Agora somente meia dúzia delas ainda resistem, as outras foram tomadas por prédios enormes de apartamentos minúsculos e três vagas na garagem. Até mesmo o engenheiro de minha família, que é uma pessoa bem mais prática e menos idealista que eu, disse quando falávamos sobre isso que não é tudo que pode ser feito que deve ser feito. Antigamente havia restrição quanto ao número de andares dos prédios em algumas regiões em Caxias. É claro que o dinheiro fala mais alto no presente momento. A restrição caiu junto com as árvores do Mato Antunes. 
Agora ainda sinto alívio ao chegar do centro a região em que moro. O barulho e a confusão ficam para trás, escuto os pássaros, caminho tranquila nas ruas. Mas os sinais do "progresso" já se fazem presentes, às 18h00 e quase impossível atravessar algumas ruas, o calor aumenta a medida que as árvores diminuem, o verão traz consigo o racionamento de água. Penso para onde irá tanto esgoto, tanta poluição, tanto lixo... E a água, Deus, qual será a origem da água para estes inúmeros condomínios com áreas sociais e de lazer inversamente proporcionais às cozinhas? Enfim, um pequeno desabafo de alguém precocemente antiquada. Cujo pôr do sol, registrado no início deste post, está fadado a sumir atrás de um novo prédio gigantesco.

Mudando radicalmente de assunto, minha segunda fronha ficou pronta! A segunda da série casais azuis!
 Hoje começo um novo projetinho. Principalmente porque este dia está uma delícia para aprender a lidar com a máquina de costura. To all, a great week!

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